A história de Dante - uma gravidez (parte 1 - a descoberta)

Comecei a escrever sobre a minha gravidez porque em vários momentos a história de outras mulheres, em blogs e sites que andei lendo quando grávida, me ajudaram muito a entender o que acontecia com meu corpo e mente. Assim espero não só registrar o que aconteceu comigo na minha primeira gravidez como também, quem sabe, ajudar alguém a se entender melhor nesse período tão mágico e maravilhosamente confuso!

Em janeiro deste ano estávamos envolvidos na oficina de fotografia ministrada pelo querido Miguel Chikaoka e eu pra dizer a verdade, não estava muito atenta com o que acontecia com meu corpo. 

Minha menstruação atrasou e só aí foi que comecei a pensar que a gravidez era uma possibilidade, até então, achei que a sensação estranha de "barriga cheia" o tempo todo e os seios inchados eram sinal da "TPM". Em um sábado, pra comemorar o encerramento da oficina fizemos um churrasco e eu, já com a possibilidade a rondar, parei com o cigarro e a cerveja. Começava aí a mudança.

No dia seguinte fiz o teste de farmácia e o resultado foi positivo.

Saí do banheiro aos prantos, acordei meu marido - Bruno - e desesperada como uma adolescente, que vai ter que dar a notícia aos pais, contei a novidade. Ele, mesmo meio sonolento, ficou super feliz (e assustado ao mesmo tempo) mas como eu estava em prantos não teve muito tempo pra pensar, só me dizia que tudo ia dar certo e que ele já sabia (?).

Ele sempre quis ter filhos, e eu tinha cá as minhas dúvidas...

Como ajudei a criar os sobrinhos sei muito bem o trabalho e os gastos que um filho pode gerar além é claro, de toda a responsabilidade que envolve colocar uma criança no mundo. Além disso ainda pensava em sair pelo mundo com uma mochila nas costas e conhecer e encarar coisas novas. Já pensava nisso antes de casar e meu marido só foi incluído no sonho adolescente de ser mochileira, hippie, ou qualquer coisa do gênero, mas a verdade é que nunca fiz isso porque nunca tive a coragem necessária pra encarar uma viagem sem destino nem dinheiro. Sempre trabalhei porque além de precisar, sempre gostei da segurança, de ter onde dormir, comer e tomar banhos longos e quentes.

Meu marido também sempre se imaginou percorrendo o mundo mas ,assim como eu, ele gosta de conforto, segurança e de comer bem. Mochileiro passa perrengue e não tem cartão de crédito internacional pra segurar as pontas caso tudo dê errado. Acho que é por isso que o nosso casamento dá certo: sonhamos, quase, com as mesmas coisas... uma delas era ter filhos mas eu evitei durante muito tempo.

Mesmo com a pressão familiar e com meu marido sonhando em ser pai, eu sempre disse que a decisão seria minha, afinal, era eu quem carregaria o bebê e o colocaria no mundo e meu marido, sempre, respeitou isso.

Pouco mais de um ano antes do resultado positivo eu decidi parar de tomar o anticoncepcional. O Bruno já era funcionário do estado e eu já ganhava meus trocos com a fotografia. Achamos que seria o momento mas, ele não aconteceu.

Muita gente acha que a resposta à interrupção de um método contraceptivo que você usou por anos tem que ser imediata, mas as coisas não funcionam assim. Ficamos ansiosos por um tempo, depois não mais e então preocupados, depois não mais, até que decidimos "deixar nas mãos de Deus". Honestamente eu nem estava mais pensando nisso quando engravidei. Depois de um tempo sem prevenção e focada no trabalho a gente acaba esquecendo que se você faz sexo sem métodos contraceptivos o resultado, na melhor das hipóteses, é a gravidez.

Quando o Bruno disse que já sabia que eu estava grávida me assustei mais ainda. Como é possível que ele tenha percebido antes de mim? É meu corpo!!

Mas quando você é casado há quase 9 anos pequenas mudanças no outro chamam a atenção, e foi isso o que aconteceu. Meu corpo havia mudado, sutilmente até então, mas ele havia notado e eu não. Acho que ele presta mais atenção às minhas curvas do que eu (!).

Depois do desespero, vieram as preocupações: como vou conseguir criar um ser humano capaz, feliz, honesto, um homem? (Sim, desde que peguei o resultado senti que seria um menino. Não sei explicar como nem porquê, mas sei que senti e isso se confirmou). Como poderei educar uma criança nesse mundo louco? Temos que comprar milhares de coisas: berço, carrinho, enxoval! Como vai ser o parto? Eu não quero enjoar, nem engordar, muito menos embarangar! Preciso ligar pro médico, mas hoje é domingo, vou ter que esperar até amanhã e... meu deus preciso fazer um exame de sangue pra confirmar! AHHHHHH eu estou grávida!!!!!!!!!!!!

Só quem passou por isso sabe a quantidade de pensamentos que somos capazes de processar em tão pouco tempo antes de ficarmos felizes em pensar que seremos mães.

 Mãe! Eu vou ser mãe!

A esta altura o Bruno já tinha levantado da cama e ido acordar um amigo que dormia em casa pra mostrar pra ele (!!) o resultado positivo e eles já comemoravam com o palito do xixi em riste, enquanto eu ainda chorava. Passei o dia oscilando entre a alegria e o desespero, a felicidade e a preocupação.

No dia seguinte fiz o exame de sangue e nos dias que se seguiram a nova rotina se punha diante de nós: exames, consultas médicas, nova dieta, parei de fumar. Alguns dias depois fiz o primeiro ultrasom: estava com 06 semanas e 04 dias de gestação e pudemos ouvir o minúsculo coração batendo.

Como assim? Ele ainda é um girino, literalmente 8mm, e o coração já bate... alto, forte e rápido? Foi a maior emoção que senti na vida e desde então a sensibilidade ficou à flor da pele. Choro e mais choro e muitas mudanças de humor começaram se fazer presentes.

Toda vez que penso sobre como mulheres grávidas ficam sensíveis só consigo achar uma resposta: neste período temos dois corações pulsando dentro de nossos corpos, como não ficar mais emotivas?

Agora sim, podemos contar pra família, amigos e espalhar a alegria de estarmos grávidos!