26 de outubro de 2012

A história de Dante - uma gravidez (parte 8 - he's coming)


Domingo 09/09 acendemos a churrasqueira e almoçamos ouvindo um sambinha num calor daqueles. Depois do cochilo da tarde, senti vontade de comer bolo de chocolate com sorvete de creme, lindos, os homens da casa se prontificaram a me atender e lá pelas 16h, o Caio fez o bolo e o Bruno comprou o sorvete mas, antes de o bolo sair do forno senti como se tivesse feito xixi na calça e fui pro banho só que a quantidade de água era maior que o normal e senti um segundo fluxo. Chamei o Bruno.

Pelo que tinha lido a bolsa rompia de uma vez e o fluxo era bastante grande, mas o meu era diferente, saía aos poucos. O Bruno imediatamente procurou "pai google" e viu que aquilo também era possível. Com um teste rápido - deitei na cama e com uma toalha entre as pernas tossi, o líquido saiu novamente - confirmamos.. estava acontecendo, a bolsa havia rompido!

Ele ficou pálido. Começou a andar de um lado pro outro sem saber o que fazer... 
Dez dias antes do previsto o filho dele queria vir ao mundo!
Falei pra ele se acalmar que aquilo podia levar muitas e muitas horas, tomei meu banho e fui arrumar a minha mala da maternidade, a do bebê já estava pronta a algumas semanas.

Alguns dias antes, tentando me preparar pra esse momento, pesquisei o que seria necessário levar pra maternidade e fiz uma lista, isso me ajudou porque o Bruno pode se orientar e me ajudar, além disso, também me informei sobre a água da bolsa, que não pode ser escura nem esverdeada - isso pode indicar o sofrimento fetal - e ainda bem, a minha estava transparente com um pouco de sangue, o que também é normal.

De mala pronta e banho tomado fui estender a roupa que a máquina havia acabado de lavar. O Bruno ajudava e falava que eu deveria entrar no carro e irmos logo, que aquilo era ridículo, como eu poderia estender roupa com a bolsa rota?

Mas eu sabia que poderia demorar pelo menos dois dias pra eu voltar pra casa, então...

Fomos eu, o Bruno e o Caio (meu sobrinho) pra maternidade e depois do dolorido exame de toque, vimos que eu não havia dilatado nem um centímetro, mesmo assim, o médico já avisou que eu não voltaria pra casa sem meu bebê. Eu ficaria internada até ele resolver sair.

Pra começar o processo troquei os absorventes que vim usando de casa pelo "fraldão", um absorvente mega-ultra-grande que eles tem na maternidade. Foi ótimo porque o fluxo da água da bolsa de repente aparecia e molhava tudo! 

Tomei soro, fiz um exame que dura 20 min acompanhando o batimento cardíaco do bebê, tirei sangue e conheci outras mulheres prestes a se tornarem mães pela primeira vez como eu, uma delas tinha 14 anos. Tive tempo pra pensar em tudo o que passei na gravidez, as alegrias e as dificuldades e pensei em como estaria sendo para aquela menina, da idade da minha sobrinha, estar ali, sentindo o mesmo que eu, macaca velha.

Difícil imaginar que uma criança esteja preparada pra isso. Mais difícil ainda é aceitar que isso é comum pelas bandas de cá.

Enquanto eu esperava o pinga-pinga do soro acabar o Bruno levou o Caio pra casa e trouxe um lanche pra mim. Do soro fui encaminhada para uma ultrassom que mostrou que o bebê estava bem mas que tinha +/- 54 cm!! Agora sim me senti um alien que carregava outro. Como assim 54 cm? Que bebê é esse? Filho de gigante?
Eu e o Bruno tomamos um susto e descrentes só podíamos esperar pra ver...

Depois disso me mandaram pra enfermaria onde eu passaria a noite. Mandei o Bruno de volta pra casa por que a cadeira que acomoda o acompanhante é desconfortável e estava quebrada. Prometi pra ele que ligaria assim que as contrações entrassem na casa dos 5 em 5 min. 

Algumas coisas poderiam ajudar muito na minha "crítica" à maternidade mas, a verdade, é que tem muita coisa que não funciona... o bom mesmo foram as pessoas, dos faxineiros aos médicos fomos bem tratados e isso fez toda a diferença.

(enfermaria)
Acima da cabeceira de todos os leitos existe uma luminária mas nenhuma estava funcionando. 
Se funcionassem não seria preciso acender a luz do quarto e incomodar todas as pacientes pra prestar atendimento apenas a uma. Os botões para chamar os enfermeiros também não funcionam, sendo assim, se você não estiver acompanhada o jeito é segurar a onda, levantar e ir até lá, gritar e acordar todo mundo ou pedir para o  acompanhante de alguém, que esteja por ali, faça isso por você. Acredite, as pessoas ainda se ajudam, principalmente nesses momentos. 

O banheiro é outra coisa que me deixou estressada. 
O papel higiênico fica ou atrás do vaso ou na lateral, longe do alcance das mãos de quem está com um soro enfiado na veia e sentindo dor. Infelizmente não fotografei porque eu não conseguia pensar em mais nada a não ser na minha dor, no meu parto, no meu bebê que estava pra chegar!

Durante toda a noite as contrações foram chegando, aumentando... 
Lá pelas 5 da manhã eu liguei pro Bruno. Estávamos prestes a conhecer nosso filho e isso trazia a ansiedade junto com a dor que agora estava se fazendo presente de 3 em 3 min.
Quando ele chegou me acompanhou em outro exame de toque e eu estava com 3 cm de dilatação. Nesse ponto eu achava que a dor já era forte e que por causa do pouco tempo entre uma contração e outra estaria mais dilatada, mas percebi que aquilo iria durar muitas horas...

Fui pra outra sala (onde seria o parto) e me colocaram em outro soro, as contrações diminuíram e fui orientada a me exercitar pra ajudar no processo.

(maca transformer - sala de parto - foto: Bruno Monteiro)
De agora em diante fomos eu, o Bruno, as contrações, o soro, a caminhada em círculos pelo pequeno jardim e a bola de pilates num trabalho de paciência e dor, esperando as horas passarem e a dilatação aumentar.

(passeio pelo pequeno jardim - foto: Bruno Monteiro)


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